Marrom e amarelo é livro de Paulo Scott de 2019 publicado pela editora Alfaguara. Seria simplificar a obra dizer que o tema do racismo a permeia. Não é tão simples. Simples é o relato de humilhações narradas de maneira indelével. O leitor adentra esse universo sem maniqueísmos. E, se não se espanta, constata que mesmo entre dois irmãos há um desconhecido bem claro. Um é marrom; outro, amarelo. Ou seja, dois irmãos que se amam e se protegem, mas que demonstram em dado momento que é muito difícil se colocar em lugar de outro, mesmo um outro irmão. A cena, muito já comentada, que choca é o desconhecimento de Federico sobre o uso do flash ao fotografar o mano Lourenço. Qual o motivo muito simplesmente dito por Lourenço a Federico: é preciso usar o flash para que eu não desapareça na foto. Essa metáfora é a base da obra. É necessário colocar holofotes sobre o racismo para que saibamos que ele existe e que passados tantos anos as pessoas, mesmo as mais próximas, ainda não o reconheçam.
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George Cloney dirige e atua como protagonista no filme candidato ao Oscar de 2021 e elaborado antes do início da pandemia COVID 19, está disponível na Netflix. O cientista está isolado em lugar inóspito e deixa clara a intenção dos habitantes que abandonaram o planeta Terra, a fuga da destruição, a busca de um outro planeta para a reconstrução de suas vidas.
A luta do personagem é uma longa travessia para chegar a uma base e poder se comunicar com uma nave que pretende o retorno à Terra. Nessa caminhada, ele encontra Íris, enigmática criança que nos remete à origem do também mito grego, Íris- a mensageira dos deuses. O como, o porquê e as significações dessa menina só se revelam ao final do filme. De qualquer maneira, Íris é responsável pelo percurso, é aquela que de fato faz o cientista seguir e conseguir seu intento: evitar que a nave que tenta retornar de uma missão em Júpiter desista de vir à Terra. É um canto de cor, a cor de Íris ocular, que transforma aquele céu de inverno glacial em ternura, em amor.
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O filme indiano de Ramin Bahrani é de 2020, candidato ao Oscar de 2021, está disponível na Netflix. Na esteira de abordagens sociais, como já estava em ‘Quem quer ser um milionário?’, Tigre Branco beira àquela narrativa de um ser submisso que consegue alçar um novo status que, no entanto, esbarra na ainda discutível área das castas indianas.
O sucesso e poder econômico que Balram adquire mostra as falcatruas por quais passa e elas não são diferentes das de seus patrões. A diferença é exatamente a social. Aos de fato ricos tudo é permitido, mas aos que chegam ao poder financeiro vindos de origem humilde o crime realmente não compensa.
Balram assume, aliás, um atropelamento com morte provocado pela esposa do patrão. Convidado a se passar pelo criminoso começa a perceber que todas as suas afeições aos donos a que pertence não passam de objetos de uso e descarte.
O resultado é a violência que toma conta de Balram por conta de todas as humilhações sofridas. Para tudo há um limite. Um liame por que passa um sujeito. Um elo que se rompe e que parece justificar todas as ações humanas. E isso é fatal. Fatal como a extinção de tigres brancos.
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