A FÁBRICA: a rotina é esmagadora
- Roseli
- 14 de abr.
- 2 min de leitura

Publicado no Japão em 2013, o livro está no Brasil pela Editora Todavia. Hiroko Oyamada escreveu a obra baseada também em suas experiências como funcionária temporária. A fábrica é seu romance de estreia e tem sido recebido com elogios pela crítica literária.
No livro, acompanhamos a rotina esmagadora de alguns funcionários. Não se trata de excesso de trabalho nem de dificuldades de efetuar tarefas que são simples. Simples demais. Eis o ponto da obra.
Um dos funcionários tem como missão fazer leitura linguística de documentos. Ele deve assinalar as incoerências e enviar a um setor devido. No entanto, quase sempre, são textos bem escritos e, mesmo quando ele faz alguma observação, nada parece ser levado a sério. Ou é o caso da funcionária que fica o tempo todo colocando papéis na máquina que irá picotá-los. Nada faz muito sentido.
Pensamos, pela leitura, naqueles tantos trabalhos que efetuamos tão somente para que um cargo seja mantido. Na linguagem popular dizemos algo como um trabalho de ‘enxugar gelo’, ou seja, um simples passar tempo.
Assim nos sentimos muitas vezes realizando tarefas hercúleas que parecem não ter um objetivo claro, não ter um porquê. Muitas vezes, são coisas que fazemos para mostrar ‘trabalho’.
A narrativa, nesse sentido, ironiza nossa vida contemporânea em que não podemos nunca parar de fazer alguma coisa, mesmo sem saber se tudo isso tem alguma importância. Esse cotidiano estressante leva a narrativa a pontos absurdos. Pontes que não levam a nada, lagos em que são pescados peixes estranhos, musgo que cresce cobrindo tudo e encobrindo pessoas. Como na obra, depois de um tempo, somos outra coisa que não humanos. Somos metamorfose do local em que trabalhamos.
Live disponível no Youtube do Instituto Legus https://www.youtube.com/@INSTITUTOLEGUS/videos
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