Sempre que o termo ‘clínica’ se coloca, votamos o olhar à área médica de consultórios, divãs, spa, odontológico, enfim, a um espaço de cuidados para a saúde. Individuais ou em grupos, seres convivem com a clínica. Há um famoso hospital, Hospital das Clínicas, que reúne em um único lugar várias especialidades. Assim, há também as clínicas que trabalham as questões psicológicas e suas interligações com áreas como a saúde, a educação e a cultura.
Como seria uma clínica da cultura? Que sintomas essa cultura poderia apresentar? A cultura poderia estar adoecida, perturbada psiquicamente? Em tempos de grande tensão, como o vivido nos anos 2020-2021 sob efeito do coronavírus COVID 19, transformam o cotidiano cultural?
Nesse sentido, basta que olhemos ao redor. As grandes guerras não apenas modificam espaços culturais com a destruição, mas criam novas propostas de abertura como vacinas, tratamentos que se aprimoram. Em tempos pandêmicos, em que as pessoas não visitam parques públicos, exposições, espetáculos, também aumentam o stress geral para além de um único caso de depressão, por exemplo.
É possível um estudo dos sintomas dessa cultura em dado momento e em várias épocas vividas em conjunto com intensas tragédias, mas também com altas doses de entusiasmo e de felicidade.
Freud introduz a escuta na clínica e também surpreende em propor análises da cultura com casos clínicos bem conhecidos como o Homem dos ratos. Suas leituras de obras culturais como o Moisés, de Michelângelo, são brilhantes. São propostas de análises culturais que trabalham o uso da linguagem (a semiótica) e sintomas psíquicos (a psicanálise). Enfim, uma leitura de produções intelectuais, sociais, culturais... e psíquicas.
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