‘Navegar é preciso, viver não é preciso’, disse no século I a.c o general Pompeu:
“Navigare necesse, vivere non est necesse.”
O verso eternizou-se por meio do poeta Fernando Pessoa que trabalhou essa metáfora em seu poema ‘Navegar é preciso’ configurando a ânsia humana da criação. Viver tão somente sem que essa vida seja dirigida a pessoas, lugares, arte, é mesmo insignificante.
O fato é que viajar, ainda que às voltas do próprio quarto como diria outro poeta, tem essa conotação de abertura. Fato incomparável português é a busca de novas paragens, de novos horizontes, de novas culturas. Eis o que buscamos no turismo ou mesmo no simples fato de sair de um porto segura à busca de outros em que melhores e dignas condições de vida possam surgir. Sem parar, há um número contingente de migrantes e imigrantes que estão circulando nesse sentido. Uns fogem das agruras da terra inóspita e hostil; outros, de uma cultura que lhes nega simples prazeres. Outros ainda para buscar o diferente, o inusitado.
As trocas em viagem são coloridas, são novos pratos culinários, especiarias, leituras. São o conhecimento de povos, de detalhes da natureza, são inscrições de cultura. É possível que façamos tudo isso sem que saiamos de nossas vidas de costume. Um livro, um filme, uma serie sobre continentes apontam-nos uma riqueza de saberes e de sabores.
Mas que de fato e fisicamente falando sair para o mundo tem uma alegria e mesmo um temor que mexe com todo nosso corpo, nossa alma, nossas mais recônditas crenças. Chegar a algum lugar estranho nos coloca frente a esse desconhecido com quem precisamos conversar, precisamos conhecer, entender que cultura é a dessa gente, o que comem, o que apreciam? Voltar, ou decidir ficar, vai mudar a sua vida. Sim, ‘navegar é preciso’. Eis o sentido maior do termo ‘emoção’: sair, mover-se. Navegar.
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