A obra de Micheliny Verunshk, que já ganhou vários prêmios literários, relata figurativamente a expedição de cientistas, um zoólogo e um botânico, ocorrida em 1817 no Brasil.
A narrativa foca um lado distinto dessa expedição, o fato de os cientistas terem levado para Munique duas crianças indígenas. A partir dessa indignação, a narradora lança mão da historiografia de forma que poderia ser tratada como irônica, mas que se revela uma trama composta de aparentes pontos de vista: o dos cientistas, o das crianças e de Josefa, uma mulher contemporânea que se reconhece nesses primórdios dos povos originários mesmo estando em pleno século XXI e dentro de uma exposição fotográfica de rostos indígenas.
A narrativa tem base em fontes históricas sem, contudo, se tornar relato historiográfico totalmente porque a linguagem da narradora é fluida, veloz e arisca como são as onças, assim como vai se transformando em onomatopeias dos rugidos. Inegável observar que, nesses momentos, a linguagem da obra nos remonta ao Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa.
Esse rugido de onça ganhou o prêmio Jabuti de 2022. Confira!
E veja a live no canal do Youtube do Instituto Legus ou aqui na Cultura em Foco.
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