Dois estudos de Freud abordaram as artes plásticas: Leonardo da Vinci e o Moisés, de Michelângelo. Temas como a questão do estranhamento estão presentes nessas análises psicanalíticas. Se tomarmos algumas obras de Arthur Bispo do Rosário, um artista plástico brasileiro que sofreu de esquizofrenia e esteve em várias instituições psiquiátricas por quase 50 anos, a questão do estranhamento está presente nas 802 peças que ele produziu.
O material para a arte era retirado do lixo. A reciclagem e a sucata faziam parte de suas obras. Sua obra só foi efetivamente descoberta nos anos 1980, quando seria classificada como arte vanguardista e comparada à obra de Duchamp
Entre os temas, destacam-se navios (tema recorrente devido à sua relação com a Marinha na juventude), estandartes, faixas de misses e objetos domésticos. A sua obra mais conhecida é o Manto da Apresentação, que Bispo deveria vestir no dia do Juízo Final. Com esse material, Bispo pretendia marcar a passagem de Deus na Terra. É preciso lembrar que ele também apresentava paranoias. Chegou a dizer que era um enviado de Deus, por exemplo.
O fato é que se pode distanciar a psicose da loucura no sentido de que a loucura seria uma possibilidade de todo ser, mas a psicose altera a condição da realidade como parte da esquizofrenia, uma síndrome neurológica.
Eis a questão em olhar sobre Bispo do Rosário: louco ou esquizofrênico?
Confira o vídeo no Youtube do Instituto Legus
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