
As relações entre cinema e psicanálise já começam pelo próprio ‘escurinho’ do cinema: todas as imagens são grandes metáforas metonimizadas. Assim como no sonho: flashes metafóricos apontam um descondensar interminável de possibilidades de análise. Talvez o cinema possa ser a possibilidade do sonho de olhos abertos.
Se tomarmos o cinema do espanhol Pedro Almodóvar, poderemos acompanhar uma certa normalidade incômoda, principalmente nos filmes da década de 80. São mulheres em estupros incômodos, relacionamentos incômodos. Todos normais? Ou apresentando uma estrutura perversa?
Principalmente, no domínio sexual, os acessórios inventados para dar diversidade à vida, loções afrodisíacas, trajes e instrumentos, chicotes. Mas não só, a questão da perversão como estrutura aparece no cinema como também em sonhos. O perverso assume o lado oposto, o verso, e instaura sua nova lei. Não se trata de perversão moral, embora de fato exista ali uma transgressão da ordem: voyeurismo, fetiches, por exemplo.
Assim, o cinema, no caso de Almodóvar, aponta a Espanha perversa dos resquícios de Franco, imagens veladas. Mas o cinema dele mostrou e tem mostrado que as coisas mudam. O que já foi considerado transgressão como as questões de gênero já não parecem fazer sentido no século 21. Será? É possível pensar que os preconceitos acabaram? Nem os de gênero, nem os sociais, basta ver como o racismo continua subvertendo a ordem. Ou a pedofilia. Precursor, o cinema chega antes. A psicanálise também. Confira o vídeo no Youtube do Instituto Legus
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