Jane Campion em 2021 dirigiu esse belíssimo filme que lhe rendeu muitas críticas excelentes que se comprovam àquilo que ela mostrara na direção de O Piano, de 1993.
A tradução em português, tradução – sempre um problema, de The power of the dog para Ataque dos cães deixa muito para trás a metáfora empreendida no filme. O título original refere-se ao romance homônimo de Thomas Savage, de 2016.
A narrativa retoma um universo de machões cowboys dos westerns em que o machão alfa cria atritos com o jovem filho da personagem Rose. A moça casa-se com o irmão dele e a crise se acirra. O que se percebe ao longo da narrativa é uma revelação menos machista desse cowboy que tem ícones de lembranças de um antigo mestre que o inseriu nas magias do mundo das fazendas.
Mas o poder do cachorro – tradução literal – revela-se ao final justamente pelo personagem assombrado pelo cowboy. Na leitura do salmo bíblico a justiça contemplada pelos fracos. Aos fracos, a cura de suas feridas lambidas pelo cachorro. Uma espécie de vingança afetiva. De fora ficarão os cães...ou a imoralidade? Se o termo é apropriado, é possível pensar no fechar do filme em que descobrimos que a famosa macheza do cowboy é construída como espelho para espantar seus próprios fantasmas.
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