A obra foi publicada pela editora Record em 2021 - em 2023 já estava na 14ª. edição - e traz uma narrativa suspensiva e angustiante. São, na verdade, duas narrativas que se cruzam e se entreolham, e que deixam o leitor em estado de torpor por o que vem adiante. O texto perpassa questões religiosas prementes envolvendo os gêmeos, Abel e Caim, que acabam sendo pré-determinados em ações por aquilo que seus nomes perpetuam.
A capa de Daniel de Jesus é marcante, um vulcão expelindo o vermelho sanguíneo que brota da escuridão, que brota desses personagens em erupção. A imagem foi retirada de Sreejith Sankaradasa Kurup, é a lava de um vulcão no Havaí. Assustadora a associação com a estreita e estonteante dupla, os irmãos cujo nome foi dado pelo pai apenas e tão somente para agredir a mãe, extremamente religiosa.
Nomes são palavras e elas podem ser mal – ditas, expelidas pela raiva. Ainda que sem a ideia do mal, esses meninos vão se confrontar vida afora e vida afora vão levar as pessoas à volta aos muitos infernos de morte e de tragédia psíquica.
Com um final eletrizante, vem o que dizemos aqui: ‘As palavras permitem todo tipo de realidade’.
Convido vocês a apreciarem os vídeos de Andrea de Barros sobre duas obras de Carla Madeira, Tudo é rio e Véspera:
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