Lançada em agosto de 2024, a obra Virgínia Mordida, de Jeovanna Vieira, pela Companhia da Letras, mostra uma narrativa em que as questões da violência para com as mulheres é algo terrível. Relacionamento tóxico é o tema em questão.
A autora tem formação em jornalismo e essa obra é sua estreia em romances. Uma estreia de peso porque Vieira deixa marcas profundas na literatura com esse livro, principalmente por apontamentos que envolvem a mulher, a mulher preta.
Em várias passagens a questão racial aparece no relacionamento da protagonista com seu companheiro Henri. Diz a personagem que, logo no primeiro encontro, o namorado usou a expressão: “Vou ter que me esforçar pra dar conta de você” (2024, p 64). Mais do que implícita a frase expõe o modelo do branco homem quando se refere ao sexo com mulheres pretas em um sentido animalesco do corpo. Em outros espaços, percebemos que Henri sente-se superior àquelas mulheres da narrativa, não só em relação à namorada, mas a todas as demais. É o caso da ironia que jorra quando ele menciona o fato de que um espetáculo produzido por uma mulher preta teria patrocínio apenas porque seria um caso de cota racial. (2024, p152).
Vale recortar um capítulo que resume toda a trajetória dessa mulher, Virgínia:
‘Ninguém ama ninguém
Diz que quem ama não machuca...não abusa, não arranca pedaços...” (2024, p 165)
E para tentar entender o que se passa com ela, Virgínia começa em pensar em buscar terapeutas, psicólogos, e uma importante questão se impõe: “o mais importante é que essa profissional seja uma mulher preta...” (2024, p 132).
Acompanhe a live pelo Youtube do Instituto Legus. https://www.youtube.com/c/INSTITUTOLEGUS/videos
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