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Blogue da Roseli

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  • Foto do escritor: Roseli
    Roseli
  • 19 de jun. de 2023
  • 1 min de leitura

Dois estudos de Freud abordaram as artes plásticas: Leonardo da Vinci e o Moisés, de Michelângelo. Temas como a questão do estranhamento estão presentes nessas análises psicanalíticas. Se tomarmos algumas obras de Arthur Bispo do Rosário, um artista plástico brasileiro que sofreu de esquizofrenia e esteve em várias instituições psiquiátricas por quase 50 anos, a questão do estranhamento está presente nas 802 peças que ele produziu.

O material para a arte era retirado do lixo. A reciclagem e a sucata faziam parte de suas obras. Sua obra só foi efetivamente descoberta nos anos 1980, quando seria classificada como arte vanguardista e comparada à obra de Duchamp

Entre os temas, destacam-se navios (tema recorrente devido à sua relação com a Marinha na juventude), estandartes, faixas de misses e objetos domésticos. A sua obra mais conhecida é o Manto da Apresentação, que Bispo deveria vestir no dia do Juízo Final. Com esse material, Bispo pretendia marcar a passagem de Deus na Terra. É preciso lembrar que ele também apresentava paranoias. Chegou a dizer que era um enviado de Deus, por exemplo.

O fato é que se pode distanciar a psicose da loucura no sentido de que a loucura seria uma possibilidade de todo ser, mas a psicose altera a condição da realidade como parte da esquizofrenia, uma síndrome neurológica.

Eis a questão em olhar sobre Bispo do Rosário: louco ou esquizofrênico?

Confira o vídeo no Youtube do Instituto Legus

 
 
  • Foto do escritor: Roseli
    Roseli
  • 12 de jun. de 2023
  • 1 min de leitura

As relações entre cinema e psicanálise já começam pelo próprio ‘escurinho’ do cinema: todas as imagens são grandes metáforas metonimizadas. Assim como no sonho: flashes metafóricos apontam um descondensar interminável de possibilidades de análise. Talvez o cinema possa ser a possibilidade do sonho de olhos abertos.

Se tomarmos o cinema do espanhol Pedro Almodóvar, poderemos acompanhar uma certa normalidade incômoda, principalmente nos filmes da década de 80. São mulheres em estupros incômodos, relacionamentos incômodos. Todos normais? Ou apresentando uma estrutura perversa?

Principalmente, no domínio sexual, os acessórios inventados para dar diversidade à vida, loções afrodisíacas, trajes e instrumentos, chicotes. Mas não só, a questão da perversão como estrutura aparece no cinema como também em sonhos. O perverso assume o lado oposto, o verso, e instaura sua nova lei. Não se trata de perversão moral, embora de fato exista ali uma transgressão da ordem: voyeurismo, fetiches, por exemplo.

Assim, o cinema, no caso de Almodóvar, aponta a Espanha perversa dos resquícios de Franco, imagens veladas. Mas o cinema dele mostrou e tem mostrado que as coisas mudam. O que já foi considerado transgressão como as questões de gênero já não parecem fazer sentido no século 21. Será? É possível pensar que os preconceitos acabaram? Nem os de gênero, nem os sociais, basta ver como o racismo continua subvertendo a ordem. Ou a pedofilia. Precursor, o cinema chega antes. A psicanálise também. Confira o vídeo no Youtube do Instituto Legus

 
 
  • Foto do escritor: Roseli
    Roseli
  • 5 de jun. de 2023
  • 2 min de leitura

Psicanálise e literatura mantêm relações muito estreitas. A matéria básica de ambas é o elemento linguagem. Há uma fala e uma interpretação que as permeia. Há a cura, pela psicanálise, de um real sintomático que não se suporta mais pelas vias imaginárias. Isso se dá pelo simbólico. Usar a linguagem para criar. Usar a linguagem poética para encantar.

No livro A menina de Lacan. Um conto Rosa, já no título há uma aglutinação que revela um pouco da obra A menina de lá, de Guimarães Rosa, analisada. Assim, a menina de lá transforma-se em a menina de Lacan. O conto é rosa e de Rosa. Assim trabalha a linguagem.

No caso desse livro, o conto é analisado de acordo com a questão da psicose que se descortina na personagem Nhinhinha. Muitas leituras dão a essa personagem uma interpretação metafísica, mítica. Claro, possível. No entanto, ao relacionar a literatura à psicanálise, a personagem do conto poderia ser a representação de um psicótico porque ela não estaria mais como um ser desejante. Teria parado de desejar? Seria prisioneira de um gozo mortal, da pulsão de morte?

A personagem é uma criança saudável, mas indiferente a tudo. Do nada passa a desejar coisas que acontecem. Milagres? Um último desejo expressa que ela gostaria de ser enterrada em caixão rosa de verdes funebrilhos. A profecia se cumpre. Um silêncio paira por toda a personagem porque ela para de falar e logo depois morre. Ou, um outro mundo se descortina, um mundo já preconizado sem laços sociais como quase sempre a pessoas psicóticas.

Vale a leitura do conto de Guimarães Rosa para estar próximo à linguagem metafórica muito apropriada àquela dos sonhos, da psicanálise. Freud e Lacan foram psicanalistas que fizeram das leituras literárias uma fonte de saber.

Confira o vídeo no Youtube do Instituto Legus

 
 
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