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Blogue da Roseli

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Foto do escritor: RoseliRoseli

Conclave é um filme britânico-estado-unidense de suspense e mistério de 2024, estreado em 2025 no Brasil, dirigido por Edward Berger e escrito por Peter Straughan, baseado no romance de 2016, de Robert Harris. 

A chave do filme é o conclave – momento em que os cardeais se preparam para a escolha de um novo papa – dirigido pelo cardeal Lawrence apresentado pelo ator Ralph Fieenes, espetacular nesse papel. Um papel político de conciliar identidades díspares e tentar resolver conflitos pessoais e políticos já que é importante que o novo papa não tenha um passado que poderá manchar a reputação da igreja.

Eis o ponto quase embaraçoso da obra. O próprio coordenador do conclave conclama os cardeais  a levarem à mente o fato de que mesmo os religiosos são humanos. E como são. Assim, surgem as primeiras suspeitas. Há cardeais contrários às diferenças de todas as sortes. Há um que poderia ser acusado de pedofilia. Outro destila ódio. Em quem votar? Assim, o conclave, como bem disse a crítica de cinema, Isabela Boscov, é a miniatura gigante e poderosa do próprio mundo.

 Live no Youtube do Instituto Legus https://www.youtube.com/c/INSTITUTOLEGUS/videos

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O



filme é de 2024 e teve lançamento em 2025,no Brasil. Foi dirigido por Halina Reijn, atriz, escritora e diretora holandesa. Em 2022, ela dirigiu Morte Morte Morte, um filme bastante polêmico que, apesar de ter a tradução no Brasil para morte, no original tem como título Bodies Bodies Bodies. A ideia é mesmo a de corpos em cena.

São também sobre corpos as reflexões em Babygirl, uma expressão que, mesmo em português, evoca um jeito sexual, mas infantilizado, com a ideia incestuosa que o termo revela. Essa posição do incesto fica clara no relacionamento entre uma mulher madura, poderosa e com um marido e filho modelos, com um jovem rapaz sem ainda posição definida, um estagiário, que sem dúvida encontra pontos relevantes que atingem o desejo dessa mulher por meio da submissão que ele impõe a ela. A submissão junto com a dominação é parte dos chamados BDSM, sadomasoquismo, bondage ou  disciplina. No filme, a questão é vista como submissão sem, no entanto, parecer imposição já que essas práticas sexuais são consentidas pelos parceiros.

Evidente que a personagem da narrativa não tem, a princípio, consciência da prática e toma as ações como intimidativas. Da mesma forma, o espectador poderá sentir-se chocado com isso já que enxerga apenas a função dominativa da personagem em sua posição empresarial. Dominante sobre o rapaz no exercício do trabalho, mas não na prática sexual. Essa posição não é vista pelo marido que age sexualmente de maneira tradicional, no início. Aliás, o marido é vivido pelo ator Antonio Banderas que faz bem o papel de companheiro da executiva dominante. A atriz Nicole Kidman entrega-se a essa personagem de forma esplêndida, nada fácil para uma intérprete vista como modelo de beleza.

Acompanhe a live pelo Youtube do Instituto Legus https://www.youtube.com/c/INSTITUTOLEGUS/videos

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Foto do escritor: RoseliRoseli


Neca, o romance de estreia de Amara Moira, é considerado o primeiro do gênero todo escrito em bajubá, a "língua das bichas" (sic), e convida a um mergulho na cultura das travestis. Foi publicado em 2024 pela Companhia das Letras.

O bajubá (ou pajubá) é o português falado pela travesti da rua. Surgiu nas zonas de prostituição como linguagem de segurança, incompreensível para o cliente ou policial de plantão —fundamental, portanto, para desviar da violência, do cárcere e da morte.

Segundo a autora, o que criou essa linguagem foi justamente a segregação absurda que a comunidade sofria. Moira aprendeu o bajubá com travestis mais velhas no Jardim Itatinga, reduto de trabalho sexual em Campinas, no interior paulista.

Em Neca, a autora busca registrar uma rica tradição oral brasileira que, a seu ver, corre risco de extinção à medida que avança a inclusão de pessoas trans na sociedade. "Imagino um futuro em que o bajubá não seja só ferramenta de proteção e possa sobreviver como algo mais lúdico", afirma a autora, Amara Moira.

A linguagem é muito mais que uma coleção de gírias da comunidade LGBTQIA+. Destacam-se, por exemplo, palavras de origens africanas adquiridas nos terreiros de umbanda e candomblé, espaços historicamente mais acolhedores para dissidentes de gênero. Vêm daí termos como "erê", "mona" e "alibã", que ganharam significado de criança, mulher e policial —é o caso da própria palavra "bajubá", segredo em iorubá.

Há também expressões adaptadas de línguas europeias, legado da diáspora de travestis brasileiras que migraram aos milhares para lá a partir dos anos 1970, em busca de tolerância. Por exemplo, "guanti" (luvas, em italiano) virou "guanto" (camisinha, em bajubá); já o "maricón" do espanhol deu lugar a "maricona" (homem gay), conforme apontou Dani Avelar, na Folha de São Paulo de 1/11/2024.

Em comparação, é possível voltarmos à questão do uso do lunfardo na Buenos Aires argentina conforme obra de Oscar Cesarotto, Tango Malandro, já comentado aqui no Cultura em Foco: https://www.youtube.com/watch?v=iUHIeLI2URg

Confira a live no Youtube do Instituto Legus - https://www.youtube.com/c/INSTITUTOLEGUS/videos

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