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Keyboard and Mouse

Blogue da Roseli

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O filme de 1995, dirigido por Jocelyn Moorhouse, e adaptado da obra de Whitney Otto, How to make an American Quilt (1991), teve excelente repercussão à época do lançamento. Volta agora com o impulso da programação da Netflix mostrando que a narrativa é atemporal quando se refere às metáforas que expressa. Uma mulher tentando terminar sua dissertação e ao mesmo tempo buscando colocar sua vida amorosa em consonância com a correria de escrever e reescrever suas ideias, o que leva ao pensamento de que são vários os pedaços que se juntam em ambas as tarefas: fazer o texto acadêmico com seus detalhes de escritura formal com as construções da própria vida em uma escritura informal, metonímias – partes de um todo que parece impossível.

A construção dessa metáfora que se vê pronta em uma colcha elaborada a várias mãos e a vários pedaços mostra que esses dois eixos da linguagem se encontram na figura de mulheres, amigas da avó de Finn, que estão tecendo uma obra que dependerá das narrativas de cada uma, os pedaços metonímicos, que – soltos - estão perdidos, mas que adquirem força no conjunto. Como na vida, como na arte, como no discurso acadêmico.

E também no vídeo!

https://zoom.us/rec/share/1u9LGtzFHIAXIMGgmtyUhNy1SwAxfmauGWbxaQV_8TI-RRTk45JuHqGunPfqTjo.4NJ1vUUCN00Hxo2h


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  • Foto do escritorRoseli

Como é difícil pensar que alguém que luta diariamente para comprar um mínimo de alimentação para a família pode ainda ter não apenas tempo, mas sensibilidade para escrever um diário.

O cotidiano é a obra Quarto de Despejo. Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus. Esse livro publicado pela primeira vez em 1960 revela com crueza a vida diária de pessoas que se acotovelam em minúsculas habitações chamadas em São Paulo de favelas.

Um jornalista, Audálio Dantas, já falecido, que busca a favela do Canindé, em São Paulo, para ter uma história é o salto que faz a diferença. Lá conhece Carolina e descobre os diários que ela escrevia. Pronto, a narrativa estava feita. Assim, esses diários vieram a público e deram ao mundo a oportunidade única dessa voz cujo relato era o dia a dia de muitas famílias sempre consideradas como párias sociais.

Essa favela em particular era dos anos 60, hoje virou apenas história de muitos habitantes e passado para muita gente. Essa favela. Porque muitas outras cresceram ao longo de todas as épocas não apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

A narrativa de vida de Carolina Maria de Jesus revela aquilo que todos deveriam saber. Aquelas pessoas não eram marginais, embora alguns assim o fossem. Ser marginal não é privilégio da pobreza, bem o sabemos. Tantas décadas passadas, difícil é acreditar que o mundo -contemporâneo e informatizado- ainda estranha a miséria humana. Triste, triste mundo.

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  • Foto do escritorRoseli

Desde os idos anos 60, a UBE - União Brasileira de Escritores -, com Jorge Amado, entre eles, instituiu o Dia do Escritor. Salve, Jorge! Salve, a eterna Gabriela. Salve o modernismo de 20, o regionalismo de 30, e tantos pós-modernistas que fazem esse dia ser comemorado com entusiasmo.

Essa labuta da lida com as palavras, essa luta vã como diria Carlos Drummond de Andrade, esse carecer de coragem como disse Guimarães Rosa, chega ao século XXI emergente com temas instigantes de novas coragens para tecer narrativas sociais sobre o racismo, como o Torto Arado de Itamar Vieira Júnior e nas agruras de Conceição Evaristo. Está presente nas múltiplas reflexões de Lourenço Mutarelli, de Santiago Nazarian, de Daniel Galera, de Clarah Averbuck, de uma lista imensa de grandes nomes que merecem a justa homenagem. Está presente nesse cotidiano recheado de palavras dos blogues, das redes sociais, das receitas culinárias, das mazelas de queixumes em cartas, se é que elas ainda são escritas.

Escrever é inscrever a linguagem. Marcar uma passagem tatuada no espaço. Fazer cessar a musa e elevar o canto à humanidade.

Parabéns!

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