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Blogue da Roseli

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Adriano Messias, inspirado em suas próprias experiências de leituras infantis e adolescentes, projeta quatro meninos que sucumbem a um acidente de avião e vão parar em uma ilha deserta. A questão da obra está na contracapa: será cada qual de nós uma ilha cercada de questões e dúvidas por todos os lados? Mais ainda, partindo da questão filosófica, Nenhum homem é uma ilha, do poeta John Donne, o autor traz a reflexão desse aforismo dada por Millôr Fernandes: Nenhum homem é uma ilha, a não ser quando devidamente cercado de água por todos os lados, a paródia em que o tom desmistifica a afirmação. Em certo sentido, cada um dos quatro meninos mostra uma particular versão de serem ilhas e de quais são suas águas por todos os lados.

A ilha dos quatro meninos pode ser considerada literatura infantil e juvenil. Não apenas pela idade de seus protagonistas, em média de 12 a 14 anos, mas pelas aventuras vivenciadas por eles, pelos sonhos que povoam nosso imaginário adolescente, pelas buscas e soluções para problemas que parecem insolúveis.

As configurações filosóficas estão por toda a parte sem que nos pareçam maçantes como aulas de história ou de literatura. Um dos meninos tem por nome Ícaro o que imediatamente nos leva à mitologia e os significados que esse mito tem para a humanidade e, principalmente, dentro da narrativa. As questões científicas nos recebem e são explicadas pelos garotos na voz das aulas do professor de ciências que perde a vida no acidente, mas deixa ensinamentos que promovem entre os meninos saídas de situações como saber que plantas ingerir, por exemplo.

Chama a atenção na obra, a linguagem conduzida em boa parte por meio de diálogos muito claros, mas sem que haja condescendência em minimizar informação. Há um respeito ao leitor pela linguagem narrativa, esse respeito se insinua pelos diálogos precisos e que incorporam um certo suspense sobre quem são esses meninos. Um em particular traz um incômodo que logo se faz ver e que se revelará ao modo rosiano em uma descoberta delicada. Como Ícaro queria voar, todos os meninos queriam sonhar. Assim sonham os leitores com a possibilidade aberta. O final não é único. E ...não conte a ninguém os finais deste livro. Não contarei.

Assista a live no YouTube do Instituo Legus


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Entre setembro, outubro e novembro de 2023, dois filmes revisitam ícones da música brasileira: Tom Jobim e Elis em Elis & Tom que perpassa em forma de documentário a gravação do disco de 1974 de ambos assim como as discórdias envolvidas entre eles. Dois ícones juntos mostram uma beleza musical imperdível, mas também revelam as intrigas que se formaram por conta do caráter perfeccionista de ambos de não abrirem mão das parcerias musicais escolhidas. Ver e ouvi esse momento é voltar no tempo literalmente de quem foi jovem nos anos 60 e 70, assim como voltar olhos a um período difícil da sociedade.

O perfil perseguidor a artistas fica evidente no filme Meu nome é Gal que mostra a trajetória de uma das maiores cantoras brasileiras com suas parcerias vibrantes a Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros, que criaram a tropicália.

Tom & Elis tem direção de Roberto Oliveira. Meu nome é Gal foi dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi. Em ambos, música brilhante, presenças marcantes e uma história que marcou gerações. Curta a Live no YouTube do Instituto Legus


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  • Foto do escritorRoseli

De 6 de setembro a 10 de dezembro de 2023, no Ibirapuera, o público se depara com as ‘Coreografias do Impossível’, tema da 35ª. Bienal de S. Paulo, que apresenta obras de arte contemporânea com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, projeto arquitetônico e expográfico desenvolvido pelo escritório de arquitetura Vão.

São mais de mil obras, o que requer aguçada estratégia de tempo para a visita. De fato, é uma coreografia do impossível tentar ver tudo em única passagem. Há visitas guiadas com recortes do espaço e da visão de algumas obras, isso é muito interessante porque o visitante pode escolher o percurso indo diretamente ao andar pretendido ou seguir o guia em suas escolhas.

A ideia da impossibilidade conta com obras como, por exemplo, de Arthur Bispo do Rosário já comentado aqui no Cultura em Foco. A obra com que nos deparamos logo de entrada é marcada pela grandiosidade da ocupação, Killing us Sotly… with their SPAMS… (Songs, Prayers, Alphabets, Myths, Superheroes…), do filipino, Kidlat Tahimik. Essa instalação tem 300 metros, é grandiosa e exige um tempo valioso para que possamos percorrê-la e perceber o título em tradução livre: Nos matando suavemente… (com suas músicas… histórias, alfabetos, rezas, mitos… super-heróis…). Só ela já vale a ida à Bienal. Impossível perder. Curta a Live no YouTube do Instituto Legus


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