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Blogue da Roseli

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  • Foto do escritor: Roseli
    Roseli
  • 13 de out.
  • 2 min de leitura
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Vez por outra, uma polêmica retorna: o privilégio de forma ou conteúdo em uma obra de arte. Muitos teóricos se debruçaram sobre esse tema. Se tomarmos os estudos do linguista Saussure, veremos que há uma imagem que pode representar as duas coisas: uma moeda, cara ou coroa, significado ou significante. Ou seja, forma e conteúdo. Assim, poderíamos pensar que tudo exibe essa dupla relação, o que está fora e o que está dentro. Poderia ser assim simples, mas não é exatamente como acontece. Nada se apresenta com essa dicotomia. Não é possível olhar para algo observando essa divisão dual. Um ser humano, por exemplo, não é medido por seu corpo ou por sua alma. É possível pensar que algo nem sequer pode ser visível.

Freud apontando o conceito de inconsciente bem disse que essa parte mais profunda pode se revelar em sonhos, em atos falhos, em chistes... Nesse sentido é algo que não se vê exatamente, mas que em nós está presente. De certa maneira, o filósofo Peirce também foi além de considerar tudo como isto ou aquilo. Palavras, por exemplo, abrangem conteúdo, têm uma forma verbal de como são escritas e expressam imagens visuais, entre outras e tantas colocações.

Somando muitas teorias, podemos inferir que é difícil observar uma obra de arte tão somente pelo seu conteúdo, digamos, o tema ali trabalhado. O que aponta como aspecto externo também não delimita a forma de uma obra: poema, prosa? Há obras em que a poesia está presente ainda que ela não tenha sido escrita em versos. Há obras em verso que narram histórias sem que qualquer elemento poético, além da forma, nelas apareçam.

Como ficamos? Ficamos esperando por inovações que abracem as duas e muitas outras coisas.

Acompanhe a live pelo canal do Instituto Legus

 
 
  • Foto do escritor: Roseli
    Roseli
  • 6 de out.
  • 1 min de leitura
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A 36ª Bienal de São Paulo – “Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática” - acontece de 6 de setembro de 2025 a 11 de janeiro de 2026, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera em São Paulo, com entrada gratuita e inspirada no poema de Conceição Evaristo, Da calma e do silêncio, do livro “Poemas da recordação e outros movimentos”. Belo Horizonte: Nandyala, 2008:

Nem todo viandante anda estradas,há mundos submersos, que só o silêncioda poesia penetra.

Dividida em seis capítulos, a mostra da 36ª Bienal traz trabalhos do mundo todo e obras imersivas que serão ativadas de forma performática no contexto da programação pública, chamada Conjugações, que conecta vozes e territórios de diferentes geografias.

Para além dos números e da grandiosidade dessa edição, a 36ª Bienal de São Paulo se estrutura como uma travessia: um estuário onde vozes, memórias e gestos vindos de diferentes margens se encontram e se transformam. Ao percorrer o Pavilhão, o público é convidado a experimentar a humanidade como ação, verbo que se conjuga no plural, e a levar consigo a certeza de que todo encontro pode ser ponto de partida para novas formas de viver juntos.

Confiram!

Acompanhe a live pelo canal do Instituto Legus https://www.youtube.com/c/INSTITUTOLEGUS/videos

 
 
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Italo Svevo, pseudônimo de Aron Hector Schmitz, depois italianizado para Ettore Schmitz (Trieste19 de dezembro de 1861 — Motta di Livenza13 de setembro de 1928), foi um escritor e dramaturgo italiano.

La Coscienza di Zeno é uma das obras do escritor. O personagem principal é Zeno Cosini e o livro são suas memórias ficcionais que ele escreve a pedido de seu psiquiatra. Enquanto escreve, ele aprende sobre seu pai, seus negócios, a esposa e seu hábito de fumar. O romance foi publicado em 1923. A publicação no Brasil nesta análise  é a da editora Nova Fronteira, de 2021.

Interessante saber que o autor foi o tradutor de Freud na Itália e, muitas vezes, na obra é possível perceber finas ironias em relação à psicanálise. Notadamente, o último capítulo do livro pode ser considerado um dos melhores momentos da obra. Nele o personagem expõe práticas psicanalíticas como a reconstituição da infância, sonhos a serem analisados e de como Zeno se sentia nas sessões que considerava torturantes: ouvia “que desejava roubar a esposa – minha mãe – de meu pai...”,“o desejo de matar o pai e de beijar a própria mãe”, “Édipo infantil”, e de como o psiquiatra “acreditava que eu deveria continuar a psicanálise”. Entre outras ideias, paira a definição de Zeno sobre suas doenças, ele amava as doenças. A doença real era simples, bastava deixá-la agir, bem diversa da doença imaginária. Às últimas páginas declara: “Mais do que a psicanálise seria necessária”.

Embora o autor tenha conquistado escritores como James Joyce que traçou um novo paradigma para a literatura, Svevo cria essa narrativa com olhares e, ainda, técnicas da narrativa do século 19. E para nós sem dúvida, nesse caso, Machado de Assis foi muito mais perspicaz.

 
 
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