Carlos Drummond de Andrade preparava-se para ser pai e esse triste acontecimento ocorreu em 22 de março. Triste? Ser pai é motivo de júbilo. Deve ter sido. Basta imaginar Dona Dolores, sua esposa, em terríveis contrações a caminho do parto. O poeta escreveu sobre isso? Drummond muito falou das agruras dos seres, da efemeridade da vida. Foi um apaixonado pela filha, Julieta. Tanto que a morte dela provocou-lhe um infarto doze dias depois e ele a ela se juntou.
Mas e Flávio, o filho? O nascido antes de Julieta?
É que as palavras não conseguem desenhar a dor pungente da perda de um filho. Anos antes do nascimento da filha cúmplice, Carlos perdera para sempre aquele filho. Não, ele não o esquecera.
“E o filho morto?”, continua pensando. “Carlos Flávio, apenas um nome e meia hora de vida. Antes de Julieta, e tanta esperança!”
Sempre Julieta. E a perda da esperança.
Nossa, Roseli. Eu não sabia de nada disso... Deveria me interessar mais por biografias.