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Foto do escritorRoseli

O mito do mito


O mito do mito. De fã e de louco todo mundo tem um pouco, de Rita Lee, foi publicado em julho de 2024 pela editora Globo. Póstuma publicação por pedido da autora que começou essa criação em 2005, fez várias alterações e em 2019 o livro estava pronto. No entanto, apesar de ter deixado toda a concepção pronta, Rita Lee não queria publicar antes de sua morte. Assim foi feito. Isso tudo pode ser conferido na própria obra em nota da autora. O mito do mito contém citações diretas e indiretas de obras da literatura como é o caso de Alice, de Lewis Carroll. Ficam evidentes suas críticas a rodeios e a atos de maus tratos de animais; no caso, Rita aponta ser fã de Brigite Bardot que levou essas questões ao mundo.

A sessão está ficticiamente representada pelo guru que a recebe em um casarão envelhecido no centro da capital de São Paulo, cidade em que Lee morou e a quem sempre dedicou enorme carinho. Por conta dessa análise com o Dr Eric von Kasperhauss (associação ao filme O enigma de Kaspar Hauser?), o leitor vai descortinando dados do lado fã de Rita, assim como percebe claramente que ela entendia um bocado de psicanálise que está presente por toda a obra como se vê no trecho: “Digamos que era uma tragédia grega do ego freude-se, jungue-se, lacaniane-se da fã-terapeuta rejeitada em relação à expaciente.” (LEE, 2024). Esses neologismos juntam-se a criações de frases que são compostas por letras de suas canções e que estão em devido contexto.

Temas complexos como o uso de drogas e de sua esquizofrenia também são constantes no livro que não faz apologia do uso de qualquer substância, mas expõe as mazelas de usuários, alcoólatras inclusos.

A obra é conduzida em primeira pessoa, um narrador que pode (ou não) ser a autora, tem a metalinguagem de se ver questionada pelo guru e ainda concentra um toque irônico principalmente quando entra em cena Vivi que, para assegurar a irmã (fato verdade), fica como ponto do lado de fora em um acampamento que poderia ser visto como a Cracolândia em São Paulo.

Sem maniqueísmos, a obra traz a família de Rita Lee de forma bastante informal, destacando o companheirismo do marido, Roberto de Carvalho, a quem Lee atribui sua segurança, seu suporte.

Produzida pela própria Lee, como dissemos, a obra é belíssima graficamente falando e aponta uma inversão (de cabeça para baixo mesmo) do livro de maneira que podemos observar a narrativa no casarão, e do outro lado os tipos de fã que a autora elenca; aliás sobre ela mesma como fã. Em vermelho e preto. Nada em branco e preto como bem sempre se apresentou a cantora.

Confira a Live no Youtube do Instituto Legus https://www.youtube.com/c/INSTITUTOLEGUS/videos

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